Nos nove primeiros meses de 2021, o Santander obteve lucro líquido gerencial de R$ 12,467 bilhões, alta de 29,4% em relação ao mesmo período de 2020 e de 4,1% no trimestre. Apenas no terceiro trimestre, o banco espanhol lucrou R$ 4,340 bilhões. Com isso, a operação brasileira representa hoje 27,6% do lucro global do Grupo Santander.
Segundo o balanço divulgado pelo Santander, em doze meses foram fechadas 139 agências e abertos 4.139 postos de trabalho. Porém, o balanço apresenta o número total dos trabalhadores do Grupo Santander. Portanto, as contratações não são necessariamente de bancários, já que podem estar concentradas em outras empresas do grupo como, por exemplo, a F1RST, SX Negócios e a Prospera.
O LUCRO DO SANTANDER PARA OS SEUS FUNCIONÁRIOS
De acordo com a diretora do Sindicato e coordenadora da COE Santander (Comissão de Organização dos Empregados do Santander), Lucimara Malaquias, apesar do lucro exorbitante do Santander ser construído pelo esforço e dedicação dos seus funcionários, são estes trabalhadores os que menos usufruem deste resultado.
“O lucro do banco traz o carimbo do adoecimento do bancário, das demissões de trabalhadores em plena pandemia, da sobrecarga de trabalho, do assédio moral, da cobrança abusiva por metas e da terceirização, que na prática significa redução de direitos”, enfatiza a dirigente.
Hoje, somente com o que arrecada com tarifas e serviços, uma receita secundária, o Santander cobre em 220% suas despesas com pessoal, incluindo a PLR. Ou seja, com uma receita secundária o banco consegue pagar mais de duas vezes todas as despesas com seus funcionários.
Lucimara denuncia ainda que o Santander usa da criação de novas empresas no seu grupo, com CNPJ’s diferentes, para transferir compulsoriamente trabalhadores, retirando-os da categoria bancária, o que acarreta em redução da remuneração total e corte de direitos, uma vez que deixam de contar com a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários e com a força de uma categoria organizada nacionalmente.
“Por um lado, vemos uma queda nas despesas com pessoal, incluída a PLR, e o crescimento do que o banco recebe com tarifas, o que denota redução da massa salarial, e a intensificação do processo de terceirização por empresas do próprio Santander, com redução da remuneração total e corte de direitos. Por outro lado, temos o aumento constante das metas e cobranças, independente da conjuntura econômica. Ou seja, os que mais contribuem para o lucro, os trabalhadores, são os que menos usufruem dele. Pelo contrário, são ‘valorizados’ com a precarização das relações de trabalho”, destaca Lucimara.
O LUCRO DO SANTANDER PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA
Para a diretora do Sindicato, apesar do Brasil responder pela maior parcela do lucro global do Grupo Santander, o banco espanhol não dá o devido retorno à sociedade brasileira, principalmente no caso de uma empresa que opera no país na forma de uma concessão pública.
“Todos os anos vemos o crescimento exponencial do Santander no Brasil, do que a operação brasileira significa para o lucro global, mesmo nos últimos dois anos, com a pandemia e as crises econômica e social enfrentadas pelo país. O Santander segue lucrando cada vez mais em um país com todos os dados econômicos e sociais em completa deterioração”, afirma Lucimara.
“Ao invés de oferecer o devido retorno ao país e praticar a responsabilidade social tão enfatizada na sua publicidade, o Santander segue precarizando as relações de trabalho, fechando agências, demitindo e onerando a Previdência com o enorme número de trabalhadores adoecidos por conta da atividade laboral no banco, que precisam ser afastados. Além disso, segmenta e direciona o crédito para clientes específicos e pratica juros e tarifas abusivos”, acrescenta.
E, como se não bastasse, o Santander irá comemorar o resultado do banco com uma festa, para a qual foram convidados seus mais de 45 mil funcionários, em plena pandemia.
“Com essa festa, o Santander zomba de um país com mais de 600 mil mortos pela Covid-19, que atravessa um dos períodos mais difíceis da sua história, com crises econômica, política e social gravíssimas. Com grande parte da população sendo obrigada a, quando consegue, comer ossos de boi, banda de feijão e farelo de arroz para tentar matar a fome. É uma imoralidade o banco comemorar, neste contexto, um lucro que é no mínimo questionável. Cadê a contrapartida social do Santander? Cadê o banco que é retratado nas propagandas? O que o Santander pode fazer para ajudar o Brasil na crise, crise para a qual o banco contribui e é um dos motores?”, questiona a coordenadora da COE Santander.
SEEB-SP