A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu, na tarde de quinta-feira (27/1), para discutir sobre as condições de trabalho no banco neste momento de retomada do crescimento dos casos de contaminação, internação e morte por Covid-19 no país.
Segundo os relatos, existem vários problemas que prejudicam as condições de trabalho no banco. Um dos principais está relacionado aos protocolos de segurança sanitária e prevenção contra a Covid-19.
“Os sindicatos receberam muitas denúncias sobre o não cumprimento dos protocolos existentes, muitas vezes por desconhecimento do gestor, mas também decorrentes da preocupação com o não fechamento das agências para a sanitização, quando é confirmado caso de Covid-19 na unidade, tudo para que não seja prejudicado o cumprimento das metas estabelecidas pelo banco”, disse o representante da Federação dos Bancários do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP) na CEE, Jorge Luiz Furlan. “Para o banco, representado por estes gestores, o cumprimento das metas é mais importante do que a saúde e as vidas de funcionários, clientes e da população em geral”, completou.
(Ir)responsabilidade da Caixa
Para a CEE, o banco deve ser responsabilizado por estas ações de gestores por manter um programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) que cobra o cumprimento de metas em plena pandemia.
“A Caixa é a principal responsável por esta irresponsabilidade destes gestores. Ainda mais depois que incluiu no GDP um mecanismo que, independentemente do resultado, 5% dos empregados são classificados como ‘não atende’ e, com isso, deixam de receber o delta (adicional de plano de carreira) e perdem diversos direitos, entre eles, o de disputar os processos internos de seleção”, explicou o representante da Federação dos Bancários do Estado do Rio de Janeiro (Federa/RJ), Rogério Campanate. “Então, as contaminações, internações e possíveis mortes devem ser creditadas ao banco sim”, ressaltou.
O mecanismo citado por Campanate é a “curva forçada”, prática em desuso entre organizações e áreas de gestão de recursos humanos por ser utilizada apenas como uma política demissional. A própria Caixa confirmou em reunião com os trabalhadores ter conhecimento de seu anacronismo e a inserção na GDP para que os gestores avaliassem os empregados com maior rigor.
Outro ponto abordado na reunião da CEE citado por Furlan foi o atraso nas negociações sobre adicional de carreira (delta). A Caixa insiste em manter o GDP como único ponto a ser considerado no cálculo dos valores a serem pagos aos empregados. Os empregados querem que o banco utilize outros objetivos para a realização do cálculo, como a comprovação de cursos e frequência ao trabalho.
“O debate para o pagamento destes valores está atrasado. O banco precisa reabrir as negociações para tratar sobre o assunto”, cobrou.
(Falta de) Saúde Caixa
Outro ponto abordado na reunião foi a dificuldade encontrada pelos empregados de atendimento nos serviços de saúde devido à sobrecarga no sistema se saúde pública, e também do Plano de Assistência à Saúde dos empregados, o Saúde Caixa, principalmente com relação aos serviços de telemedicina.
“É uma questão que coloca em risco os empregados e clientes, principalmente neste momento de pandemia, quando muitos precisam de atendimento de urgência ou evitam o comparecimento a hospitais, clínicas e laboratórios, para não ficarem sujeitos ao contágio”, observou dirigente ao destacar que o número de pessoas contaminadas na Caixa cresceu muito em todo o Brasil, segundo levantamento realizado pelos sindicatos. “Há um descaso de muitos gestores com a sanitização dos locais de trabalho. Gestores se recusam a fechar as unidades para realizar a devida sanitização e criam dificuldades para a higienização dos aparelhos de ar condicionado”, disse.
Carteira de vacinação
A CEE destacou que em diversas cidades já existem decretos municipais que obrigam a apresentação da carteira de vacinação contra a Covid-19 para o ingresso em estabelecimentos comerciais do Município e especificamente na Caixa. A orientação da CEE é para os representantes dos trabalhadores procurem as prefeituras e câmaras municipais de suas bases para sugerir a aprovação de leis semelhantes onde elas ainda não existem.
“Seria importante que o próprio banco tomasse tal medida e voltasse a realizar o contingenciamento para que fossem atendidos apenas os clientes com hora marcada e para realizar serviços específicos. Mas, não estamos conseguindo agendar reunião com banco para tratar do assunto”, revelou a coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária de Cultura da Contraf-CUT.
Dia Nacional de Luta
A CEE vai orientar, por meio da Contraf-CUT, a realização de um Dia Nacional de Luta para denunciar estas e outras situações que contribuem para a falta de condições de trabalho na Caixa.
Contraf-CUT