O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado recorrente de R$ 21 bilhões em 2021. O número representa alta de 51,4% em relação a 2020. Só no último trimestre do ano passado, o resultado foi de R$ 5,9 bilhões, crescimento de 60,5% frente ao mesmo período do ano anterior e de 15,4% em relação ao terceiro trimestre de 2021. O BB ainda revisou suas projeções corporativas para 2022, entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões.
Ao divulgar os resultados, na segunda-feira (14/2), o banco indicou que o “bom desempenho” foi impacto de menores despesas com provisões de crédito, crescimento da carteira de crédito, incremento nas receitas de prestação de serviços e na margem financeira bruta, “com destaque também para a estabilidade das despesas administrativas”. O BB apontou ainda que os resultados só não foram melhores porque houve crescimento com as despesas de pessoal que se deu, especialmente, por conta das despesas com o Programa de Desligamento Extraordinário (PDE).
Ao analisar os novos resultados, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) pontuou que, ao final de dezembro de 2021, o BB contava com 78,3 milhões de clientes e 84.597 funcionários, com fechamento de 7.076 postos de trabalho em doze meses. “Além disso, foram fechadas 388 agências tradicionais e abertos 8 postos de atendimento bancário em comparação a dezembro de 2020. Esses resultados foram decorrentes da reorganização estrutural implementada pelo banco ao longo do ano”, aponta a entidade em seu relatório.
“Os resultados astronômicos do BB, obtidos trimestre após trimestre, são fruto de uma gestão do enxugamento do quadro de funcionários e do número de agências, submetendo aqueles que são mantidos a pressões cada vez maiores para alcançar as metas”, observa o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga. “Esses resultados também afetam os clientes que precisam superar filas cada vez maiores nos atendimentos”.
Outro estudo do Dieese, com base em dados da Previdência Social, apontou os bancos como responsáveis por 15% dos afastamentos por causas mentais entre os setores de atividade econômica, nos anos de 2012 a 2017. Proporção que aumenta para 16% quando considerado os afastamentos por depressão.
“Não estamos dizendo, de forma alguma, que o banco não deveria atuar para melhorar seus resultados. O que estamos apontando é que para que o Banco do Brasil possa cumprir de fato seu papel de banco público, como instrumento para o desenvolvimento de todo o país, não pode aplicar a mesma produtividade e expectativa de retorno dos bancos privados”, esclarece o coordenador da CEBB, lembrando, em seguida, que o sistema financeiro do país é oligopolizado, concentrando lucros e clientes em poucas instituições privadas, tornando o Brasil detentor de uma das mais elevadas taxas de juros. “Sem os bancos públicos, como o BB, essa concorrência desleal seria ainda maior”, pontua Fukunaga.
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