Por Ivone Silva *
Desde a redemocratização, não lembro de um período onde a população mais pediu pelo fortalecimento da democracia. Há inúmeros relatos de ataques às instituições democráticas. Foram anos de desmonte trabalhista, previdenciário, precarização do trabalho, desrespeito às mulheres, às religiões de matriz africana, aumento da violência, muitos retrocessos desde o golpe contra a presidenta Dilma, em 2016.
O preço que o Brasil pagou em eleger Bolsonaro foi alto. Domingo, durante a apuração, milhares se uniram em uma grande corrente contra a barbárie, contra um projeto de governo genocida, que escolheu alguns grupos para morrer, em um estado mínimo que mantém o interesse de um grupo pequeno e historicamente privilegiado.
Eleger Lula presidente tem uma importância mundial. Para os trabalhadores é a chance de ter um emprego e a valorização do salário mínimo. Durante o Governo Lula e Dilma, entre 2003 e 2015, o salário mínimo cresceu 76% acima da inflação, ampliando o poder de compra das famílias e contribuindo para melhoria da distribuição de renda. Já durante o governo Bolsonaro, a alta inflação corroeu o salário dos trabalhadores e o mínimo não obteve ganho real, cenário que prejudicou a economia e as negociações salariais de todas as categorias.
Além disso, sabemos como fez falta para o país o fortalecimento das empresas públicas que tinham no governo do Partido dos Trabalhadores a proteção social e promoção do desenvolvimento. A atuação dos bancos públicos será fundamental para combater a crise econômica e a volta da inflação e dos índices recordes de endividamento.
No governo Lula, a participação do crédito público no crédito total chegou a 37% o que beneficiou o pequeno produtor rural e as famílias mais pobres, nos últimos anos o crédito concedido pelos bancos públicos têm caído e chega a cerca de 29%. Isso significa grande perda para a população, que fica refém do crédito privado e suas altas taxas de juros. Os bancos públicos têm importância ainda no financiamento das pequenas e médias empresas e, especialmente, nos programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida. A Caixa é líder no financiamento habitacional, mas perdeu espaço. A média de habitações entregues pelo Programa Casa Amarela é 48% menor que a média das unidades entregues pelo Minha Casa Minha Vida.
Os bancos públicos voltarão a ser protagonistas no desenvolvimento do Brasil!
* Ivone Silva é presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região