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Programa Pé-de-Meia revela velhos problemas na Caixa

O programa Pé-de-Meia, do Governo Federal, que beneficiará 2,5 milhões de estudantes, com recursos que chegam a 7,1 bilhões ao ano, tem gerado filas enormes nas imediações das agências da Caixa Econômica Federal em todo o país.

“O programa é excelente! Visa combater a evasão escolar no ensino médio e, com isso, reduzir a desigualdade social a partir da melhora na educação da juventude”, disse a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e representante eleita pelos trabalhadores para representá-los no Conselho de Administração do banco, Fabiana Uehara Proscholdt.

No entanto, diversos problemas na Caixa, com quadro de pessoal reduzido, problemas de sistemas e falta de planejamento, estão causando, mais uma vez, filas de virar o quarteirão nas imediações das agências do banco de pessoas para receber o benefício.

“País das maravilhas”

“Estão vendendo um mundo maravilhoso de facilidades aos beneficiários. Dizem que os estudantes sequer precisam ir às agências, basta baixar e utilizar o aplicativo Caixa Tem e que sequer é preciso fazer qualquer tipo de cadastro, pois a habilitação é realizada com informações da matrícula na rede pública de educação e do Bolsa Família”, observou a coordenadora da CEE.

Mas Fabiana alerta que, na realidade, este “mundo maravilhoso” não existe. “Nada disso está funcionando direito e tudo acaba estourando nas agências da Caixa. Os empregados, que já estavam sobrecarregados e tendo que se virar para superar os problemas de sistemas da Caixa, cumprir suas tarefas e as metas de vendas de produtos estipuladas pelo banco, agora têm que resolver os problemas para que os estudantes tenham acesso ao benefício do programa Pé-de-Meia”, destacou. “O fato é que o atendimento leva mais tempo e as filas se prolongam”, completou, ao explicar que, para atender o público, as empregadas e empregados estão sendo submetidos a jornadas abusivas e extenuantes de até 12 horas diárias, que os levam a exaustão e ao adoecimento.

A coordenadora da CEE lembra que, durante a pandemia já havia ocorrido situação semelhante. “Já tínhamos visto que a fake news criada pelos bancos para escamotear a política de redução de custos, na busca incessante do aumento da rentabilidade e do lucro, em detrimento dos clientes e dos empregados, torna-se visível na Caixa. Porque a Caixa não é banco privado! Ela cumpre seu papel social de atendimento às necessidades da população, principalmente da mais carente. E isso precisa ser levado em conta antes do lançamento deste tipo de programa”, comentou.

Imagem arranhada

Para Fabiana Uehara, apesar dos inúmeros benefícios sociais, o programa acaba sendo maculado pela falta de planejamento, por problemas nos sistemas da Caixa e pelo aumento da sobrecarga de trabalho.

Além dos empregados, a população também sofre as consequências da falta de planejamento. “É uma desnecessária exposição negativa da imagem do banco e do governo. Lançam o programa sem que a operacionalização seja organizada. Nada disso estaria acontecendo se o movimento sindical tivesse sido ouvido para contribuir no planejamento. Já vínhamos cobrando melhorias nos sistemas, investimentos em tecnologia, ampliação do quadro de pessoal e melhores condições de trabalho. Isso é bom para os empregados, mas principalmente para a população”, reforçou.

Na terça-feira (2), a coordenadora da CEE, o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, e o diretor-presidente da Associação do Pessoal da Caixa do Estado de São Paulo, Leonardo Quadros, encontraram os vice-presidentes da Caixa das áreas de Logística, Operações e Segurança, Marcelo Campos Prata, e de Tecnologia e Digital, Laércio Roberto Lemos de Souza, e aproveitaram para cobrar soluções para:

  • os problemas nos sistemas da Caixa;
  • investimentos em tecnologia;
  • recomposição do quadro de pessoal na rede de agências e em diversas áreas que foram desmontadas em gestões anteriores;
  • suspensão das metas comerciais, para que seja possível a priorização do atendimento à grande demanda gerada pelo programa Pé-de-Meia;
  • divulgação em massa;
  • da priorização do atendimento aos beneficiários do Pé-de-Meia;
  • da necessidade de inserção, pelas secretarias de educação, dos dados dos estudantes elegíveis ao programa;
  • da suspensão das metas comerciais;
  • do calendário de atendimento escalonado.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Fonte: Contraf-CUT

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