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Categoria bancária exige reajuste salarial digno, diante dos recordes de lucros no setor

Comando Nacional dos Bancários voltará a se reunir com Fenaban para reivindicar reajustes nos salários, PLR e tickets refeição e alimentação

Na próxima quarta-feira (7/8), o Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a comissão de negociações da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), desta vez, para reivindicar aumento real nos salários, na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e nos vales refeição e alimentação. O encontro será a 6ª rodada da Campanha Nacional dos Bancários para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

“O aumento real de salário, o aumento da PLR e o aumento nos vales alimentação e refeição (VA/VR) são, respectivamente, as três primeiras prioridades da categoria, segundo a Consulta Nacional dos Bancários, que contou com a participação de quase 47 mil pessoas, neste ano. Isso mostra que as bancárias e bancários têm consciência e querem que os bancos sejam justos em reconhecer os direitos da categoria, diretamente responsável pelos recordes de lucros registrados por essas empresas”, destaca a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Em 2023, o lucro líquido dos bancos foi R$ 145 bilhões, alta de 5% em comparação a 2022. No primeiro trimestre deste ano, o lucro dos cinco maiores bancos do país teve crescimento de 15,2% e alcançou R$ 29,2 bilhões, em relação ao mesmo período de 2022.

RECOMPOSIÇÃO SALARIAL

A reivindicação da categoria bancária é que o reajuste salarial corresponda à reposição da inflação, pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%.

Levantamento do Dieese mostra que, entre 2003 e 2023, os maiores bancos do país tiveram aumento do lucro líquido real de 169%.

No mesmo período, a rentabilidade média dos bancos (capacidade de obterem retorno financeiro a partir de investimentos, em relação ao patrimônio) também foi significativamente superior à inflação, mesmo durante a pandemia, quando a média ficou 2,5 vezes acima. Em 2023, enquanto a inflação no ano foi 4,62%, a rentabilidade média dos bancos no Brasil foi 15%.

Já a remuneração média da categoria bancária, entre 2003 e 2022, teve crescimento de apenas 16%. Neste mesmo período, os ganhos reais previstos na Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários e bancárias foi de 21%.

“Essa diferença entre o que foi estabelecido na CCT (21%) em relação à remuneração média real no período (16%) se deve à rotatividade entre bancários demitidos e admitidos, que acabou levando a remuneração média para baixo, porque os bancários admitidos, geralmente, têm salários de ingresso inferiores aos demitidos”, explica o economista do Dieese, da subseção da Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan. Em 2023, os bancos fecharam mais de 600 agências e demitiram mais de 2 mil funcionários no país.

“A reivindicação para que os bancários tenham direito a uma remuneração justa e que corresponda aos seus esforços, no seu dia a dia, nessas empresas é uma questão de justiça social. Também é de extrema importância contra a concentração de renda e para a economia. Em 2023, por exemplo, somando o reajuste nos salários, reajuste nos vales e a totalidade da PLR, a campanha da categoria bancária injetou aproximadamente R$ 10,9 bilhões na economia do país”, pontuou Juvandia Moreira.

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS

O Dieese alerta que os percentuais de distribuição da PLR dos bancos caíram ao longo dos últimos anos, mesmo após reajustes, introdução da parcela adicional e mudanças de parâmetros dos cálculos de distribuição. Além disso, a distribuição da participação nos lucros não vem acompanhando o crescimento dos lucros no setor.

Entre 1997 e 2023, por exemplo, a PLR do cargo de caixa teve aumento real de 137%, entretanto, no mesmo período, o crescimento real no lucro dos bancos foi de 337%, ou 2,5 vezes superior ao aumento real que a PLR paga para esses trabalhadores.

Na campanha salarial deste ano, a categoria quer a garantia de que todos os empregados, independentemente de faixa salarial e incluindo aposentados e afastados por motivos de saúde ou acidente, tenham participação nos lucros da empresa, a partir do pagamento de três salários-bases, mais as verbas fixas de natureza salarial, reajustadas em setembro de 2024.

O movimento sindical também reivindica que as empresas paguem, a título de parcela adicional, o valor fixo de R$ 15.400,07, corrigido pelo INPC-IBGE, acumulado no período entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido de aumento real de 5%.

Outras exigências das entidades que representam os trabalhadores são que os bancos não descontem a PLR (seja regra básica, seja parcela adicional) de outros pagamentos feitos por planos próprios e de remuneração variável e, ainda, que as empresas sejam transparentes sobre as regras usadas para calcular e pagar a PLR.

“Essas regras de pagamento da PLR precisam ser objetivas e claras. Atualmente, tem bancos que não discriminam no holerite o que é programa próprio e o que é a PLR”, explica Juvandia Moreira.

A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), Neiva Ribeiro, ressalta que, “por refletir o lucro das empresas, a PLR é fruto do esforço de toda a categoria”. “Portanto, quando defendemos a distribuição justa da PLR, estamos defendendo a valorização das trabalhadoras e dos trabalhadores bancários”, pontuou.

AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO E AUXÍLIO-REFEIÇÃO

Em relação ao auxílio-alimentação, a categoria reivindica aumento dos atuais R$ 835,99, pagos mensalmente, para R$ 1.412,00.

Enquanto que, em relação ao auxílio-refeição, a reivindicação é de aumento dos atuais R$ 1.060,84, pagos sob a forma de 22 tickets de R$ 48,22, para R$ 1.412,00, pagos em 23 tickets de R$ 61,39.

Fonte: Contraf-CUT

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