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Mesmo com lucros nas alturas, bancos propõem retirar direitos em vez de dar reajuste

Fenaban tenta empurrar retirada de direitos e precarização; Comando rejeita e negociações continuam nesta quarta (21), com a exigência de que os bancos retornem com índices de aumento

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltou à mesa de negociação, nesta terça-feira (20/8), sem apresentar propostas de reajustes, propondo a precarização e a retirada dos direitos da Convenção Coletiva dos Bancários (CCT), como rebaixar a PLR dos bancários e retirar a PLR dos trabalhadores com auxílio-doença por mais de 90 dias.

Além disso, propuseram segmentar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários, de acordo com a ROE (rentabilidade sobre o patrimônio líquido) de cada banco. Assim, bancos que tivessem rentabilidade menor, por exemplo, pagariam os benefícios de forma proporcional, o que significaria a redução de direitos dos bancários, como PLR, VA e VR, auxílio creche, etc.

O Comando Nacional dos Bancários rejeitou veementemente todas essas propostas ainda em mesa.

“A lógica dos bancos é a de atacar direitos e rebaixar os índices de remuneração. Não vamos discutir nada que resulte em perdas para as bancárias e bancários. Queremos discutir uma convenção coletiva que tenha ganhos reais”, pontuou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Juvandia Moreira ressaltou que, do total de setores no país que fizeram negociações salariais entre janeiro e junho deste ano, 86% obtiveram aumento real. “Estamos falando de setores que sofrem concorrência, mais que o setor bancário e que apresentam lucros e rentabilidades muito inferiores e, ainda assim, tiveram reajuste salarial acima da inflação”, pontuou a dirigente. “Não estamos num momento para perdas, muito pelo contrário, a economia está aquecida e o setor mais ainda. Em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões”, acrescentou.

Houve uma pausa na reunião e, no retorno, os bancos voltaram com a proposta de precarização dos direitos, desta vez, a partir da segmentação da CCT por porte de banco. O argumento utilizado pela Fenaban – e bastante fragilizado – foi a existência de pequenos bancos que não alcançam os mesmos lucros e retornos sobre o patrimônio líquido. A proposta foi recusada terminantemente pelo Comando.

Sobre esse ponto, o Comando Nacional rebateu que a comparação não é válida, apontando exemplos de bancos menores que praticam taxas de juros abusivas e que faz com que haja inadimplência elevada.

“Um banco, usado como exemplo pela Fenaban aqui na mesa de negociação, no site do Banco Central está como sendo o segundo com a maior taxa de juros do cartão de crédito no país: 994% ao ano, ou 22% ao mês. Um verdadeiro abuso. Então, se o banco tem dificuldades de rentabilidade e lucro, esse problema não é por causa do pagamento com o pessoal, e sim porque prática taxas de juros abusivas, que faz com que tenha uma inadimplência de 14%, enquanto a média do sistema financeiro é 3,3%”, destacou Juvandia. “Além disso, essse mesmo banco está dentro de um grupo que tem instituições de pagamentos e empresas de cartão de crédito. Se algum banco estiver com alguma dificuldade, ele tem que procurar o sindicato para negociar e não precarizar a CCT”, completou.

“Os bancos estão utilizando argumentos cada vez mais absurdos para rebaixar salários e mexer em direitos conquistados há muito tempo e com muita luta, e esquecem que os bancários e bancárias são uma categoria que, exatamente por estar inserida no ramo financeiro, sempre está atualizada sobre o cenário político e econômico do país. Portanto, chegam a ser ofensivas – com a nossa inteligência – essas justificativas cada vez mais contraditórias e ilógicas e, por isso mesmo não vamos aceitar de forma alguma um rebaixamento de salários e ataques aos nossos direitos”, sublinhou Ivone Colombo, presidenta do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO).

Após cobrança do Comando, a Fenaban se comprometeu a trazer o índice na reunião que irá prosseguir nesta quarta-feira, 21.

Fonte: Contraf-CUT, com edição do SEEB-RO.

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