Em protesto contra a onda de demissões, assédio moral e adoecimento dos funcionários, o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), na manhã desta terça-feira (29/10), atrasou em uma hora o atendimento na agência do Itaú da avenida José de Alencar com Dom Pedro II, no Centro de Porto Velho. Também houve visitas e reuniões em agências do Itaú pelo interior do estado.
A iniciativa faz parte do Dia Nacional de Luta promovido simultaneamente em todo país contra o banco que, em 2024, completa 100 anos com o slogan “Feito de Futuro”. No entanto, a realidade de quem trabalha no Itaú é de que não há perspectivas de um “futuro” promissor no banco, mas sim de mais cobranças desumanas, condições de trabalho precárias e esgotamento físico e mental dos funcionários.
E mesmo com um lucro de R$ 19,843 bilhões no primeiro semestre de 2024 (alta de 15,5% em relação ao mesmo período de 2023), o banco continua demitindo e fechando postos de trabalho. Ao final do segundo trimestre de 2024, a holding contava com 86.293 empregados no país, com 1.785 demissões e 175 agências físicas fechadas em doze meses.
As demissões por justa causa agora são mais recorrentes no Itaú, que se utiliza de justificativas cada vez mais absurdas para “se livrar” de seus funcionários, principalmente aqueles que adoecem e tem que se afastar para cuidar da própria saúde. O banco, que nas suas campanhas publicitárias fala de um “futuro” promissor, na realidade despreza e persegue seus funcionários, os verdadeiros responsáveis pelos lucros sucessivos do Itaú. O banco adota medidas punitivas e distribui advertências arbitrárias, decididas por gestores que, muitas vezes, desconsideram o contexto dos trabalhadores. Três advertências podem levar à justa causa, sendo que algumas são aplicadas a funcionários que, por exemplo, estão com a prova marcada para renovar a Certificação Profissional Anbima (CPA), mas ainda assim são penalizados.
Além disso, a terceirização cresce nos bancos privados, que optam por uma mão de obra mais barata e que não possui os mesmos direitos e garantias da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários. O Itaú contrata pessoas não-bancárias e demite os bancários, e com mais postos de trabalho encerrados, as agências – quando não são fechadas – continuam superlotadas, sobrecarregando ainda mais os bancários restantes.
ASSÉDIO MORAL E PERSEGUIÇÃO
Os casos de assédio moral registrados nos Sindicatos aumentam diariamente. Quando são encaminhados ao banco, a resposta é sempre a mesma: “não procede.” Mas a realidade vivida pelos funcionários prova o contrário. O clima organizacional piora, e quem denuncia acaba perseguido ou até mesmo demitido. Nos Sindicatos, os atendimentos a bancários com doenças psíquicas relacionadas ao trabalho no Itaú já chegam a 90%. E, quando adoecem, muitos ficam sem orientação, perdidos e, em alguns casos, sem salário.
“Há relatos de funcionários que, depois de se afastarem para cuidar da saúde – pois adoeceram exatamente por conta do banco, que pressiona, assedia, e desvaloriza dia após dia, ano após ano – agora estão sendo ‘stalkeadas’, literalmente ‘espionadas’ em seus perfis das redes sociais, pois o Itaú quer achar qualquer motivo para demitir. Um funcionário afastado por questões de saúde que, por exemplo, publicar uma foto sua na academia (muitos não tem sequer como bancar as sessões de fisioterapia, e fazem por conta própria), pode ter essa foto utilizada contra si, pois o banco vai alegar que ela não está doente e que por isso merece ser demitida por justa causa. É apenas uma amostra dos absurdos praticados pelo banco que sempre coloca os lucros acima do ser humano”, menciona Ivone Colombo, presidenta do SEEB-RO.
SUA SAÚDE VALE MAIS
O banco agora tenta resolver esses casos oferecendo uma indenização em troca da estabilidade no emprego. Contudo, essa é uma armadilha perigosa. Os representantes dos trabalhadores orientam que os bancários não aceitem esse tipo de proposta e que busquem o Sindicato para orientação.
Maria Izabel, coordenadora da COE Itaú, alerta: “Sua saúde é muito importante. Não renuncie aos seus direitos em troca de uma indenização, especialmente porque foi o banco que causou seu adoecimento. Procure o Sindicato para entender seus direitos e se proteger. Não aceite dinheiro em troca da sua saúde! Afinal, ela vale mais do que qualquer proposta desonesta que o banco possa oferecer”, concluiu.