O Banco do Brasil divulgou ontem, 13/2, seu lucro líquido contábil de R$ 18,16 bilhões em 2019. O resultado representa um aumento de 41,2% na comparação com 2018, quando a instituição lucrou R$ 12,86 bilhões.
Esse foi mais um ano em que o BB obteve lucro crescente, e mesmo assim continua ignorando completamente o caos que impera dentro das unidades, com déficit no quadro de funcionários, agências superlotadas, desvalorização do funcionalismo, adoecimento do trabalhador – constantemente sobrecarregado – e, consequentemente, o atendimento cada vez mais precário que, por sua vez, só amplia a revolta de quem precisa ser atendido.
Esse deprimente quadro é a rotina em todas as agências do Banco do Brasil em Rondônia, em que os funcionários são obrigados a suprir os ‘claros’ (vagas nunca preenchidas), trabalhando por duas ou mais pessoas, em agências com uma alta demanda diária de clientes e usuários.
Um exemplo desse caos é a agência do BB de Guajará-Mirim, que atualmente ‘teria’ 21 funcionários (mas que tem oficialmente lotados apenas 15) mas, com as ausências de férias, cursos, atestados, muitas vezes o atendimento é feito por apenas 11 ou 10 bancários, para um público massivo de Guajará e distritos.
Caso semelhante ao de Guajará – em relação aos claros – ocorre também na agência do município de Costa Marques.
Com a recente reestruturação anunciada e todas as decisões do BB rondoniense a cargo da Super Manaus, os funcionários ficam abandonados. Se antes era ruim agora piorou. Para os trabalhadores, é desumano trabalhar nesta situação desesperadora, com clientes exaltados (e com razão, pois levam de 2 a 3 horas para serem atendidos), além da constante cobrança de atingimento de metas. Mesmo com todos os esforços dos funcionários, não se consegue atender bem, muito menos ter um ambiente de trabalho, no mínimo, salutar.
O presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), José Pinheiro, disse que na última sexta-feira, 7/2, entrou em contato com o superintendente comercial do BB em Rondônia e Acre, Edson da Silva Lemos, cobrando soluções para a questão dos claros em todas as agências do Estado.
Edson disse que o BB tem implementado medidas para amenizar essa questão, como a convocação dos empregados que estão em licença-interesse, mas deixou bem claro que para solucionar o problema, de fato, somente com a realização de concurso público para contratação de novos funcionários, medida que só a direção nacional do banco pode tomar.
“Sabemos também que a política de incentivo financeiro que o banco implementou para que funcionários se transferissem para agências mais distantes e ‘problemáticas’ não funcionou. Enquanto isso o caos permanece nas unidades, os empregados, que são obrigados a trabalhar em sobrecarga constante, com pressão, adoecem física e psiquicamente, e consequentemente há mais afastamentos por doenças. Ou seja, menos funcionários para o atendimento cada vez mais precário e com os clientes ainda mais revoltados, e os funcionários que ficam, cada vez mais em agonia”, mencionou Pinheiro, destacando que esse é um grave problema denunciado – e combatido – pelo Sindicato há mais de cinco anos.
“O Sindicato tem feito essas cobranças ano após. Sai superintendente, entra superintendente, e os problemas não são resolvidos, pois o banco só tem interesse no lucro, e não se importa com a saúde do trabalhador e nem com a satisfação dos clientes”, acrescentou Pinheiro.
O Sindicato já ingressou com ação no Ministério Público Estadual e Ministério Público do Trabalho (MPT) denunciando todo esse descaso permanente do Banco do Brasil com o adoecimento dos trabalhadores e a revolta das pessoas diariamente atendidas nas agências sucateadas.
FICA AINDA PIOR
Para piorar ainda mais a situação o Banco do Brasil anunciou, recentemente, mais uma reestruturação que reduz a remuneração nos cargos, congela carreiras e institucionaliza o desvio de função, uma nítida forma de antecipar a reforma administrativa proposta pelo governo federal e, sobretudo, o pontapé inicial para o processo de privatização tão defendido pelo atual presidente do BB, Rubem Novaes.
SEEB-RO