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Bancos querem que empregados fiquem sem reajuste salarial por dois anos

Na reunião desta terça-feira (25), a 11ª das negociações da Campanha Nacional deste ano, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) deixou bem claro quer que os bancários fiquem sem reajuste nos salários por dois anos. Em vez de reajuste salarial, os bancos propuseram um abono de R$ 1.656,22 para este ano e de R$ 2.232, 75 para 2021. Ou seja, eles retornaram com a figura do abono salarial, que não repõem metade da inflação do período e piora ainda mais a proposta de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

O Comando rejeitou a nova proposta na mesa e vai se basear na resposta que a categoria dará nas assembleias para definir as próximas ações.

As desvantagens são várias com o abono. Primeiro que a quantia representa apenas metade da inflação no salário médio do bancário. Depois, que o valor do abono não incide sobre décimo terceiro salário, férias, previdência. A única incidência será o desconto no Imposto de Renda e do valor do abono, pouco sobrará para os bancários.

“Os bancários se arriscaram muito este ano para receber uma proposta de retirada de direitos. Os bancos continuam querendo mudar a regra da PLR e hoje inventaram mais uma proposta que é pior que todas as outras. Propor abono sem índice é impor uma perda nos salários dos bancários muito grande. Não há possibilidade de acordo de dois anos com abono. Ninguém sabe qual será a inflação do ano que vem” disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeira (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

A Fenaban também recuou na redução da gratificação de função, que volta a 55%.

PLR

Na proposta de PLR feita nesta terça-feira pelos bancos, apesar de terem retornado alguns valores fixos aos patamares atuais, os bancos mantiveram a redução do percentual da parcela adicional e a redução do acelerador da regra básica. Além disso, trouxeram uma questão nova que não havia surgido nas outras propostas: uma limitação do valor que os bancos poderão gastar com PLR ao mesmo percentual distribuído em 2019. Como em 2019, os lucros dos bancos bateram recordes, os percentuais deste lucro distribuídos foram pequenos.

Agora os bancos querem replicar esses percentuais pequenos, mas em cima de um lucro inferior, o que irá piorar ainda mais o valor que os bancários receberiam este ano. Na primeira proposta da Fenaban, no dia 14, os 3 maiores bancos privados distribuiriam em média 6,8% de seus lucros líquidos. Na segunda proposta, no sábado (22), esse percentual aumentaria para 6,9%. Já na proposta desta terça-feira (25), em função da inclusão do limitador o percentual distribuído seria de 6,2%, que foi o patamar de 2019.
Veja as diferenças para o salário médio da categoria:

Os bancos também mantiveram a proposta de reduzir os limites de distribuição do lucro líquido. Na atual Convenção Coletiva de Trabalho, esse limite mínimo é de 7% (5% de regra básica mais 2,2% de parcela adicional) e o limite máximo de 15% (12,8% de regra básica mais 2,2% de parcela adicional). Os bancos propõem uma redução de 0,2% nas parcelas adicionais, seja no limite mínimo ou no máximo. Para os bancos pode ser pouco, mas uma vírgula significa 500 reais a menos para os bancários e suas famílias.

O Comando Nacional também estranhou o fato de a Fenaban querer mudar a regra para a PLR, que já prevê um repasse menor quando o lucro também for menor. A PLR vai ser reduzida naturalmente, os bancários vão ter uma redução média de 25%.

“Nessas 11 rodadas de negociação os bancos não apresentaram absolutamente nenhuma proposta com avanços para os trabalhadores, nada que atenda aos interesses da categoria. Tudo que apresentaram até agora foram propostas de redução ou retirada de direitos que já existem na CCT, direitos que já conquistamos há muito tempo. Os bancos estão aproveitando a pandemia e a consequente dificuldade de mobilização, para retirar direitos. E essa postura é tanto dos bancos privados quanto dos públicos, e na Caixa é onde estamos tendo mais dificuldades nas negociações”, mencionou José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), na Plenária Informativa Virtual promovida pelo Sindicato no final da tarde desta terça-feira e que reuniu mais de 80 participantes pela plataforma Zoom.

“Proposta de abono é coisa dos anos 90, que não acrescenta em nada e ainda promove o congelamento dos salários. O que vale pra gente é ganho real, que corrige nossos salários. Lógico que os bancos não estão obtendo lucros como projetavam antes da pandemia, mas ainda assim continuam lucrando muito, e para a gente reverter esse quadro de negação total dos bancos, precisamos nos mobilizar”, acrescentou o presidente, que alertou ainda que a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria deve ser fechada até o dia 31 deste mês, agosto, principalmente por que a ultratividade (que assegurava os direitos da CCT até que uma nova fosse finalizada) foi vetada pelo governo federal. “Se a gente não fechar até lá todas as nossas cláusulas terão que ser renegociadas uma a uma, novamente, e ninguém deseja isso”, concluiu o dirigente.

Para o dirigente do SEEB-RO e presidente da FETEC-CN-CUT, Cleiton dos Santos, este é um momento muito delicado e de incertezas. “O tempo está correndo contra nós. Estamos num governo que cada vez mais está implementando as medidas que ele disse que faria. O governo quer acabar com as empresas públicas e, pra isso, vai baratear o custo delas, fatiar e vender”, enfatizou Cleiton, que fez esclarecimentos sobre as mesas específicas do Banco do Brasil até o momento, em que o BB negou todas as propostas.

O diretor jurídico do Sindicato Euryale Brasil fez um apanhado das negociações específicas realizadas até o momento com a Caixa.

“É inadmissível que a Caixa não queira reajustar salários, pois mesmo com a crise não deixou de lucrar. Todo o esforço e sacrifício dos seus empregados da Caixa, para manter a dignidade e saúde de milhões de brasileiros, não estão sendo reconhecidos e valorizados pela Caixa”, disse Euryale.

“Nos demais bancos públicos as negociações não estão apresentando avanços, mas no Banco da Amazônia além de não termos tido avanço algum nas rodadas anteriores, desta vez nem negociação mais está acontecendo, pois o banco tem promovido adiamento ou cancelamento das reuniões com os representantes dos trabalhadores”, disparou Ricardo Vitor, diretor de Saúde do SEEB-RO e funcionário do Banco da Amazônia.

Assembleias permanentes

Nesta quarta-feira (26), novamente às 14 horas, o Comando Nacional dos Bancários se reúne com a Fenaban para uma nova tentativa de negociação. Também serão cobrados avanços nas mesas específicas. O Comando e a Fenaban ainda vão negociar as cláusulas sobre saúde e condições de trabalho.

Como a Fenaban não atendeu a nenhuma das pautas da Minuta aprovada pela categoria, sindicatos de todo o país devem entrar em processo de assembleia permanente para avaliar eventuais mudanças nas negociações nos próximos dias.

Os bancários realizam um novo tuitaço nesta quarta-feira, às 13h (de Brasília), com a #BancosExploram para pressionar a Fenaban a fazer uma proposta decente para a categoria.

SEEB-RO, com informações do Comando Nacional dos Bancários

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