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A gestão do trabalho adoece o bancário, mesmo os bancos afirmando o contrário, atesta Vivian Monteiro

A economista e técnica do DIEESE na subseção da Contraf-CUT, Vivian Monteiro, participou do Congresso Estadual dos Bancários (COBAN) pelo segundo ano consecutivo, e dessa vez, em sua palestra que aborda com riqueza de detalhes os números do adoecimento na categoria bancária, ela foi enfática em afirmar que o cenário apenas piorou.

“A gente vem observando que é cada vez mais assustador o número crescente de adoecimento mental na categoria bancária. São incontáveis os afastamentos devidos a este tipo específico de adoecimento. Até 2012 a maior causa dos afastamentos dos bancários era por LER/Dort, mas por conta dessa mudança na gestão do trabalho nos bancos, especialmente por conta da tecnologia, os trabalhadores adoecem muito mais psicologicamente. Veja um exemplo: a publicidade institucional diz que ‘as pessoas têm o banco 24 horas à disposição dela’, mas as pessoas imaginam que elas têm o bancário à disposição delas 24 horas por dia. Muitos bancários, fora do ambiente de trabalho, em seus momentos de folga, recebem mensagens e ligações de clientes, tudo por conta dessa distorção que vem com a tecnologia”, destaca a pesquisadora.

Ela conta que a questão mental responde por mais de 50% do afastamento de bancários, e que a categoria bancária representa 25% dos afastamentos por saúde mental em todo Brasil. Os bancos múltiplos com carteira (Itaú, Santander, Banco do Brasil, Bradesco, Basa…) formam o principal segmento que afastou trabalhadores em 2024. E os bancos comerciais (que não são bancos múltiplos com carteira, como é o caso da Caixa) estão na sexta e sétima posição dos ‘afastadores’. Então é muito sério o fato de quanto o banco, a sua gestão predatória, adoece os trabalhadores”, acrescentou Vivian.

Ela menciona que o DIEESE precisa de mais dados concretos e reais sobre os afastamentos, mas os bancários são tão pressionados, dia após dia, que muitos preferem esconder o problema, até mesmo para não perder o emprego.

“E após tomar muito remédio, e mesmo assim sofrer com depressão e constantes crises de ansiedade, alguns chegam ao ponto de não aguentar mais e acabam desistindo de viver. A rotina de assédio dos bancos é tão grande que se tornou organizacional: todos os bancos estão praticando essa gestão que adoece. É importante sempre termos acesso a esses dados para levar às mesas de negociação com a Fenaban, para mostrar que o adoecimento é culpa do trabalho, ainda que eles (os bancos) tentem negar e mascarar essa realidade. Muitos casos não são classificados como acidentes de trabalho (B91), porque os bancos, atuando com peritos deles mesmos, classificam muitos casos como acidente previdenciário (B31) e, consequentemente, dão atestados de ‘aptos’ às pessoas que não tem condições de trabalhar naquele momento. Ou seja, é fato de que os bancos fazem parte dessa organização que pratica a gestão que adoece e, em alguns casos, mata”, conclui a técnica do DIEESE.

Clique AQUI e veja a pesquisa do DIEESE apresentada por Vivian no 14º COBAN.

Fonte: SEEB-RO

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