“Precisamos mostrar o que os bancos públicos significam, a importância. Tem gente que diz que tem que privatizar, porque o serviço público ‘é ruim’. Como assim? Fazem trabalhos essenciais e dificílimos”, diz a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. Ela participou de uma live no início da noite de ontem (2) com outros nomes do movimento sindical.
A presidenta da Contraf-CUT falou, além de mostrar a importância dos bancos públicos, sobre os ataques que o patrimônio nacional sofre nas mãos do governo do presidente Jair Bolsonaro. “Mais do que nunca precisamos fazer essa defesa. A fatídica reunião ministerial que, em um momento de pandemia, com tantas mortes e problemas para a sobrevivência, o governo não debate nada importante para o povo”, disse, lembrando vídeo liberado há duas semanas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello.
Essencial em tempos de crise
“Ao contrário”, seguiu Juvandia sobre a reunião, “falam de privatização. Tratam o funcionalismo público como adversário. Qualquer governo deveria valorizar o serviço público, especialmente neste momento em que vemos a importância do Estado, do SUS, da ciência, da educação, das universidades e dos bancos públicos”.
Juvandia lembrou de ações como o pagamento do auxílio emergencial, feito por um banco público, a Caixa. “Quem está agindo na pandemia são os bancos públicos. Veja o trabalho dos funcionários da Caixa, deixando suas famílias em casa e comprometidos no atendimento da população. Deixo minha homenagem a todos esses trabalhadores”.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, também lamentou a postura do governo, especialmente a condução do Ministério da Economia por Paulo Guedes.
“Os bancos públicos estão sob ameaça. Está muito claro. Ainda mais depois da trágica reunião ministerial quando, de forma asquerosa, a sociedade pode perceber quais são os verdadeiros interesses do governo Bolsonaro e de Paulo Guedes. Eles seguem obcecados não somente em promover a destruição da ordem social mas, sobretudo, pôr fim aos bancos públicos e aos sindicatos”.
Entreguismo inconstitucional
Para o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, a sanha privatista do governo fere bases constitucionais. “A Constituição prevê que o sistema financeiro deva servir aos interesses da coletividade. Portanto, pensar em sistema financeiro que não seja para cumprir seu preceito constitucional, significa rasgar a democracia.”
Sobre a importância do setor, Vasconcelos apresentou dados relevantes da participação dos bancos públicos em ações importantes para o povo que bancos privados não fariam por não ser lucrativo. “Nenhum país dos Brics abriu mão dos bancos públicos para seu desenvolvimento. Seja para financiamento de áreas essenciais, projetos sociais, e atuações anticíclicas, para em momentos de retração do crédito no mercado, eles ofereçam mais crédito para acabar com crises. Assim foi em 2008. Na minha região, no Nordeste, quase 86% das operações de crédito são feitas por bancos públicos”.
Por fim, Juvandia completou o raciocínio das ações, especialmente diante da pandemia do novo coronavírus: “O Banco do Nordeste emprestou R$ 4 bilhões entre março e abril. É fundamental, foi R$ 1,3 bi de microcrédito. Coisa que os bancos privados não estão liberando, mesmo em linhas que têm acordo com o governo. Receberam R$ 3 trilhões do governo, do Banco Central, e não liberam crédito para quem precisa. Quem está agindo na pandemia são os bancos públicos”.
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Rede Brasil Atual