Em reunião de negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2022, ocorrida nesta sexta-feira (19/8), a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) tinha feito uma proposta para que alguns bancos pudessem reduzir o valor máximo da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) a ser distribuída aos empregados. Diante da recusa do Comando, a negociação foi interrompida por meia hora, e os bancos retiraram a proposta da PLR, mas apresentaram outra ainda pior para a categoria, com reajuste de apenas 65% da inflação acumulada entre 1º de setembro de 2021 e 31 de agosto de 2022 para o salário e todos os direitos econômicos. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta em mesa de negociações.
As últimas projeções do Banco Central apontam uma inflação de 8,95% para o período e os bancos querem conceder reajuste de apenas 5,82%. O índice proposto representa uma perda real de 2,9% para a categoria.
“É um absurdo os bancos terem apresentado tal proposta após obterem aumento de 14,4% no lucro semestral e tido uma rentabilidade de 18% em 12 meses. Isso é desvalorizar todo o esforço que a categoria fez durante os últimos anos para que os bancos mantivessem lucros astronômicos e alta rentabilidade”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
Juvandia lembrou que em julho cerca de 32% das categorias, de setores menos lucrativos, obtiveram aumento real, acima da inflação. “Não temos como aceitar uma proposta desta dos bancos, que lucra alto às custas dos trabalhadores e dos clientes, com tarifas caras e juros altos”, disse.
Nos seis primeiros meses de 2022, os cinco maiores bancos do país (Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) arrecadaram R$ 74,2 bilhões com tarifas cobradas dos seus clientes, alta de 7,5% em relação ao mesmo período de 2021.
“Depois de 12 rodadas de negociações, os bancários estavam aguardando uma proposta que valorizasse seu empenho”, criticou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, que coordena o Comando Nacional dos Bancários juntamente com a presidenta da Contraf-CUT. “Os bancos sufocam os clientes com tarifas caras, lucram muito com os juros altos e não querem valorizar os bancários. Querem ganhar muito e pagar pouco”, completou a presidenta da Seeb/SP.
Ivone Colombo, presidenta do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO) lamenta a postura de completa desvalorização dos bancos com os bancários, principalmente num momento em que o país atravessa uma de suas maiores crises sociais e econômicas.
“Estamos vivenciando um cenário de extrema carestia, principalmente com os alimentos básicos custando tão acima do que era antes que há muito tempo deixaram de fazer parte da cesta básica do brasileiro, e os bancos que, com ou sem crise, continuam lucrando sem parar, oferecendo uma proposta absurda e indecente após mais de dois meses de negociação com o Comando Nacional? Na hora de cobrar metas humanamente inatingíveis – que adoecem os bancários e bancárias – os bancos não perdem tempo, mas na hora de oferecer uma proposta que contemple a reivindicação da categoria, nos enrolam e, quando finalmente decidem apresentar algo, nos surgem com esta oferta imoral? É surreal, é injustificável e totalmente sem sentido. Não podemos admitir este desrespeito velado com os trabalhadores, que se sacrificam diariamente para serem os verdadeiros responsáveis pelos lucros das instituições financeiras neste país”, disparou Ivone Colombo.
PRESSÃO E COBRANÇA
Os membros do Comando Nacional dos Bancários irão para São Paulo para, a partir de segunda-feira (22), negociar presencialmente com os bancos.
A orientação é para que a categoria mantenha a pressão sobre os bancos no final de semana, com postagens que mostrem o absurdo que é um setor que lucra tão alto se recusar a conceder reajuste acima da inflação para os seus funcionários. E, já na segunda-feira, promoverem um tuitaço, das 9h às 10h, com a hashtag #Desrespeito, citando os perfis dos bancos, com dados que mostrem que eles podem atender as reivindicações da categoria.
Para terça-feira, a orientação é que seja realizado um Dia Nacional de Luta, informando a população sobre as tarifas e os altos lucros dos bancos e que a categoria está mobilizada para lutar por seus direitos e pelo aumento real.
Os bancários devem estar mobilizados por seus direitos e participar das atividades de rua e nas redes sociais.
PRÓXIMA NEGOCIAÇÃO
A próxima reunião de negociação será realizada presencialmente, em São Paulo, na segunda-feira (22), a partir das 10 horas. O Comando Nacional dos Bancários está convocado a permanecer durante toda a semana na capital paulista para participar das negociações com os bancos.
SEEB-RO, com informações da Contraf-CUT