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BTG Pactual pode ter lucro de R$ 1,7 bilhão com carteira de crédito comprada do BB por R$ 371 milhões

A venda de uma carteira de crédito do Banco do Brasil, avaliada em R$ 2,9 bilhões, para o BTG Pactual por apenas R$ 371 milhões continua sendo notícia. Desta vez, foi pauta da Revista Fórum. Segundo a reportagem, um analista do mercado financeiro disse que a carteira tem potencial de recuperação de 70%. Além disso, a maior parte dela é composta por financiamentos imobiliários adquiridos por ex-funcionários do próprio BB, que deixaram o banco em PDV’s nos anos 1990 e 2000. Em caso de inadimplência, imóveis podem ser tomados para quitar os empréstimos.

Segundo a Revista Fórum, “se a avaliação de 70% de recuperação feita por essa fonte se concretizar, o BTG vai receber R$ 2,03 bilhões ao final, ou R$ 1,659 bilhão a mais do que pagou pela carteira”.

Em nota à Fórum, o Banco do Brasil informou que “os créditos cedidos referem-se a operações que estavam inadimplentes, em média, há mais de seis anos. Do total, 98% já estava lançado em prejuízo e os 2% restantes contavam com provisões. Além disso, trata-se de um portfólio de operações ajuizadas, com processos judiciais iniciados há até 15 anos”.

“O BTG Pactual pagou pouco mais de 20% do que valia a carteira. Por si, isso já seria motivo de investigação. Se acrescentarmos a informação de que o BTG foi fundado por Paulo Guedes, a quem o BB está subordinado, e agora essa informação de que 70% da carteira pode ser recuperada, a situação fica ainda mais grave para os responsáveis pela transação”, ressaltou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.

Olho grande

A Revista Fórum diz ainda que a mesma fonte do mercado financeiro revelou que o BTG está de olho em outras duas carteiras de crédito do BB, de cerca de R$ 1,6 bilhão cada, que atualmente estão sob os ativos da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do banco.

Questionamento

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) fez uma série de questionamentos sobre a transação ao Banco do Brasil. No ofício ele pergunta, por exemplo, se o processo de cessão da carteira assegurava ampla concorrência. Quais tinham sido os critérios para a escolha do BTG para comprar a carteira. Qual a composição da referida carteira de crédito. Como foi atribuído o preço de venda. Por fim, ele pedia ainda o comparecimento do presidente do Banco do Brasil à Câmara para esclarecimentos.

Rubem Novaes deixou a presidência do banco, ao final de julho. As respostas ficaram então só por conta do ofício. “Mas, algumas foram bem evasivas… Na nossa avaliação, elas deixaram muitas lacunas sem responder”, considera o deputado.

Por exemplo: o BB diz que o preço da carteira foi fixado usando “ferramentas e práticas financeiras, incluindo referências apontadas pela consultoria que apoiou o banco”. Mas não explicitou quais referências seriam essas. Sobre a composição da carteira, o BB diz que 98% dela têm créditos de mais de R$ 500 mil “contabilizados como perdas há mais de cinco anos”. Não explica, contudo, a natureza desses empréstimos.

Se a fonte estiver certa e forem créditos imobiliários, o valor de R$ 500 mil ou mais por empréstimo faz sentido.

Por considerar que os dados passados pelo BB estão vagos, o deputado do Rio protocolou um segundo requerimento de informações, mais detalhado, pedindo os laudos e documentos de avaliação que a consultoria fez, a composição mais detalhada da carteira vendida, quem é a instância responsável por aprovar esse negócio no banco, se o BB será ressarcido das despesas de cobrança dos empréstimos que estão nessa carteira vendida, entre outros dados bem específicos. Para evitar respostas vagas.

Contraf-CUT

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