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Comando Nacional cobra a garantia de empregos e ultratividade do acordo

Trabalhadores apresentaram números para mostrar que bancos estão reduzindo contratações formais por terceirizados; até na área de TI, onde houve expansão, bancos priorizam terceirizações

O Comando Nacional dos Bancários se reuniu, nesta quarta-feira (26/6), com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para a primeira reunião de negociação, que tratou sobre “Emprego”. Antes de entrar no tema, os trabalhadores cobraram a assinatura da ultratividade do acordo, para que todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria sigam válidos até a assinatura do novo acordo.

“Nós decidimos iniciar a mesa de negociação com este pedido, para seguirmos os próximos passos com serenidade, tendo essa garantia de que nossos direitos seguirão valendo, até a renovação do acordo”, explicou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.

NÚMEROS

Ao entrar no tema central da mesa, os trabalhadores apontaram que o setor bancário está na contramão de todos os demais setores do ramo financeiro, enxugando vagas e fechando agências.

“Os bancos mantêm seus lucros e estão na contramão da economia, que mostra sinais de crescimento, apesar dos juros altos. No mercado de trabalho formal no Brasil, nos últimos 12 meses, foram criadas 1,7 milhão de vagas formais. Em 2024, até abril, foram criados mais de 958 mil postos de trabalho. Enquanto isso, nos bancos houve uma perda de 6.425 vagas em 2023 e, até abril de 2024, outras 142”, destacou também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro. “A eliminação de empregos bancários causa sobrecarga e adoecimento dos trabalhadores que permanecem no setor, precariza o atendimento para a população, e gera sofrimento para os demitidos e suas famílias”, completou.

Segundo dados da RAIS (base de dados estatísticos, organizados pelo Ministério do Trabalho e Previdência), entre 2012 e 2022, a categoria bancária saiu de 513 mil pessoas para 433 mil, redução de 16% (79,5 mil). No mesmo período, as demais categorias do ramo financeiro aumentaram em 72% os postos de trabalho, passando de 323 mil para 555 mil.

Enquanto isso, nos últimos cinco anos, os bancos fecharam mais de 3 mil agências, a maioria nas áreas com elevada necessidade social, ou seja, fora dos grandes centros, deixando as pequenas cidades desassistidas do serviço bancário.

O Comando Nacional também revelou aos banqueiros que a Consulta Nacional deste ano apontou que para 68% dos trabalhadores dos bancos privados a principal preocupação é com a garantia do emprego.

A Fenaban alegou que as vagas de emprego dependem de crescimento econômico. O Comando, então, propôs a assinatura de uma carta conjunta para cobrarem juntos, do Banco Central, a redução da taxa básica de juros, a Selic, que está em um percentual que faz com que o Brasil tenha um dos maiores juros reais do mundo, comprometendo o desenvolvimento do setor produtivo e a criação de empregos. “Ao invés de colaborar com o crescimento do país, o BC está contribuindo com os que vivem de especulação financeira”, reforçou Juvandia.

TERCEIRIZAÇÃO

Com base em levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Comando apontou também que, em 2023, os bancos aumentaram em 22% a contratação de profissionais de TI, porém, no mesmo ano, houve o aumento de 89% de profissionais terceirizados nesta mesma área.

Os representantes dos trabalhadores destacaram o caso do Santander, que vem substituindo bancários por contratados PJ, com salários de R$ 1.500, além de uma remuneração variável. Esses mesmos funcionários têm acesso ao sistema do banco e atendem aos clientes, sendo que, em alguns lugares, há relatos de que chegam a realizar cinco visitas ao dia.

Para Ivone Colombo, presidenta do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), o tema “emprego” foi escolhido como o primeiro a ser debatido nas negociações com a Fenaban pois é assustador o número de fechamento de postos de trabalho e, consequentemente, aumento do desemprego na categoria.

“Com ou sem crise, os bancos continuam acumulando lucros, mas continuam demitindo e fechando agências indiscriminadamente, principalmente os bancos privados como o Bradesco e o Itaú, os mais ricos do ramo privado. Além disso, o Santander, por exemplo, continua descumprindo o Acordo Coletivo e promove a terceirização nas agências, o que gera mais insegurança e desvalorização dos bancários. Não à toa os funcionários dos bancos privados, em sua maioria, diariamente convivem com a preocupação do desemprego, pois mesmo lucrando muito, estes bancos não garantem o emprego de nenhum dos seus funcionários. Pelo contrário: demitem sem aviso prévio e sem o menor remorso, causando sofrimento não apenas a quem é dispensado, mas também a quem irá a uma agência bancária e encontrará um atendimento ainda mais precário por conta da falta de funcionários”, enfatizou Ivone.

OUTRAS PAUTAS DA MESA

– Os trabalhadores cobraram ainda o retorno da homologação nos sindicatos, para que as entidades possam acompanhar de perto todo o processo, para garantia de direitos dos desligados;

– Qualificação e requalificação profissional, sobretudo diante da revolução tecnológica;

– Indenização adicional em caso de demissão.

CALENDÁRIO DAS PRÓXIMAS REUNIÕES

Julho

2/07 – Cláusulas sociais

11/07 – Igualdade de oportunidades

18 e 26/07 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas

Agosto

6 e 13/08 – Cláusulas econômicas

20/08 – Em definição

27/08 – Em definição.

Fonte: Contraf-CUT

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