O Banco da Amazônia divulgou uma circular com as medidas adotadas pelo banco durante a pandemia, entre elas o teletrabalho. O documento foi criado unilateralmente pelo banco sem qualquer tipo de debate com as entidades sindicais.
A postura do banco foi criticada e abriu as mesas de negociação da Campanha Nacional 2020 nesta quinta-feira (6) por videoconferência.
“Solicitamos que a circular seja revogada para que seja construída uma nova proposta com as entidades sindicais; de forma democrática, garantindo o cumprimento das medidas de isolamento sem perdas salariais, a vida sempre em primeiro lugar”, defende o presidente do Sindicato, Gilmar Santos.
O Banco da Amazônia alega que a circular foi construída com base nos decretos já existentes; começando pelas agências, com a compra de novos equipamentos de proteção; e um possível retorno do grupo de risco ficou pra última fase de retomada, no dia 26 de outubro.
Além disso, o banco ponderou que qualquer tipo de diálogo sobre o retorno gradual seja debatido em reunião específica.
“A circular traz medidas de impactos para os trabalhadores, considerando que estamos em um processo de mesa de negociação e Campanha Nacional, seria natural que esse procedimento fosse apresentado e debatido com as entidades sindicais” avalia o presidente da Fetec-CUT/CN, Cleiton dos Santos.
Já o teletrabalho será debatido em mesa de negociação, mas foi item da circular por conta do grupo de risco que segue em home office, alega a Comissão de Negociação.
Pesquisa
As entidades apresentaram dados da pesquisa com a categoria elaborada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com recorte que mostram o quanto os trabalhadores estão sendo prejudicados com a necessária ampliação do trabalho home office em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Nas casas dos funcionários faltam equipamentos e mobiliário adequado para o exercício da profissão. Na pesquisa, 68,1% dos entrevistados disseram que os bancos poderiam melhorar a situação da saúde dos que trabalham em casa fornecendo equipamentos adequados, com padrões ergonométricos, que protejam os usuários de danos e distúrbios físicos provocados pelo trabalho intenso. A reclamação tem base, já que 32,5% disseram que seus bancos não disponibilizaram qualquer equipamento necessário para o trabalho à distância.
“O trabalhador e trabalhadora não pode pagar essa conta, tanto na saúde física e mental, quanto no bolso com o aumento do consumo de energia, é preciso que se regulamente de forma que seja garantida condições para um home office seguro e ergonômico”, destaca o diretor da Fetec-CUT/CN e bancário do Banco da Amazônia, Sérgio Trindade.
Além da falta de mobiliário e equipamentos adequados, apenas 19% disseram que têm algum cômodo apropriado para o trabalho em suas casas. A grande maioria tem de ocupar a sala, a cozinha ou o quarto para trabalhar.
“A pesquisa identificou que o teletrabalho tem uma boa aceitação no empregados de bancos públicos, posição diferente em relação aos empregados de bancos privados. Dentro dos empregados de bancos públicos tem pessoas que acreditam em uma forma mista de trabalho, sendo parte dos dias em trabalho presencial e parte em trabalho em casa” acrescenta a dirigente sindical e bancária do banco, Suzana Gaia.
Para o Banco da Amazônia que também fez uma pesquisa sobre o tema, o resultado foi avaliado como positivo pelo banco com base nas formas de trabalho adotadas pela empresa. A análise revelou ainda que muitos 86% dos bancários e bancárias entrevistados querem continuar com essa forma de trabalho.
Uma nova pesquisa, feita pelo banco, deve acontecer; para serem sanados alguns questionamentos e assim efetivado o teletrabalho. As propostas apresentadas pelas entidades, nas reuniões passadas, também estão sendo avaliadas pela Gepes e pelo setor jurídico. Enquanto isso, o banco segue acompanhando o avanço das mesas com a Fenaban sobre o mesmo assunto.
Emprego
O Banco da Amazônia informou que novos empregados já foram convocados ; haverá um novo processo de concurso público para área tecnológica; outros desligamentos estão previstos entre agosto e dezembro; dotação do banco 2895 já foi autorizado pelo SEST, contudo, a contratação de novos bancários e bancárias, por meio de concurso público, será para reposição de apenas metade do total de desligados.
Até junho, o quadro funcional do banco era de 2.859 bancários e bancárias, o ano de 2019 fechou com 2.965 trabalhadores e trabalhadoras. A queda é em decorrência de planos de demissão específicos e aposentadoria voluntária incentivada.
As entidades repudiaram a reposição da mão de obra desligada ser apenas da metade, indagaram ainda sobre o fechamento de algumas agências anunciado pelo banco, e aguardam respostas sobre qual política que está sendo pensada para o Banco da Amazônia, e se empresa será privatizada.
A próxima rodada de negociação está marcada para a próxima quarta-feira (12), às 8h30.
SEEB-PA