As agências do Banco do Brasil presentes nos municípios de Rondônia amanheceram tomadas por faixas e cartazes e com as portas fechadas, sem atendimento ao público, na manhã desta sexta-feira (29/1), quando os funcionários do Banco cruzaram os braços na greve de 24 horas que aconteceu, simultaneamente, em todo país. Foi a forma que os bancários do BB adotaram para mandar um recado à direção nacional do banco, que no último dia 11 de janeiro anunciou um processo de reestruturação que prevê o fechamento de centenas de agências, postos de atendimento e escritórios, extinção da função de caixa, além da demissão de cinco mil funcionários através de dois programas de “Demissão Incentivada”, e esta reestruturação sequer foi discutida com os funcionários e seus representantes.
Nesta manhã, além da paralisação realizada nacionalmente, também houve tuitaço contra essa tentativa de desmontar o BB, com a hashtag #MeuBBvalemais.
A greve de hoje vai durar 24 horas, mas caso a direção nacional do Banco do Brasil não recue de sua postura intransigente, de não rever importantes pontos deste danoso processo de reestruturação, os trabalhadores poderão decidir por uma greve por tempo indeterminado.
“Não há motivo algum para o banco promover este desmonte, principalmente neste momento, de uma crise econômica e de saúde sem precedentes no país. O que queremos é mais agências, contratação de mais funcionários, e não isto que está sendo apresentado na reestruturação anunciada. Com menos agência, as pessoas terão que se deslocar para lugares muito distantes de suas casas para ser atendida, e muitas vezes, se deslocar até de um município a outro, já que algumas cidades perderão sua única agência bancária, que é exatamente a do Banco do Brasil. Em Rondônia haverá fechamento de uma agência na capital e mais cinco no interior do Estado. E com menos funcionários, quando estas pessoas chegarem às poucas agências que restarão, enfrentarão filas muito maiores do que as que já existem atualmente, e esperar por um atendimento muito mais demorado. Ou seja, um cliente do BB lá da zona Leste de Porto Velho, por exemplo, terá que vir ao Centro para poder ser atendido, e quando chegar aqui, em vez de esperar duas horas para ser atendido, vai ficar o dia inteiro esperando por um atendimento ainda mais precarizado”, enfatiza José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO).
O dirigente explica ainda que para a direção nacional do BB, a demissão de milhares de funcionários e o desmonte do banco é feito para ampliar os lucros aos acionistas. Na segunda-feira (25), a direção do banco anunciou sua distribuição de dividendos em 2021, em documento enviado ao mercado. De acordo com o documento, o percentual do lucro pago aos acionistas (payout) será de 40%. Sobre o resultado de 2020, o BB aprovou um payout de 35,29%.
“Por isso estamos aqui, trazendo essa dura realidade ao conhecimento dos trabalhadores e da população em geral, de que estamos enfrentando a tentativa de desmonte do maior banco do país, de extrema importância para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, e principalmente aqui em Rondônia, onde fomenta o micro, pequeno e médio produtor. Portanto, é fundamental defender as empresas públicas como o Banco do Brasil, pois ele é do povo, e não do ministro da Economia ou do presidente da República. Precisamos defender o que é nosso, pois hoje eles extinguem a função de caixa, amanhã poderá ser a do assistente e lá na frente a do gerente. Essa é uma luta de todos os bancários, independente da função que exercem, e é uma luta, também, contra essa postura do governo de fazer o desmonte das empresas públicas brasileiras para vender, a preço de banana, para os rentistas”, acrescentou.