O diretor de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, presenteou o negociador da Fenaban, Adauto Duarte, com o livro “Gestão como Doença Social”, de Vicente Gaulejac. O livro é um contraponto ao discurso dos bancos, que negam as consequências da gestão, com pressão por resultados e imposição de metas abusivas, como fato preponderante do alto nível de adoecimento.
Para Salles, não se trata simplesmente de uma “geração ansiosa”, e sim de uma geração de bancários que sofre violência organizacional no trabalho e adoece.
Vincent de Gaulejac crítica a cultura do alto desempenho nas empresas, que leva ao esgotamento profissional e ao estresse dos trabalhadores. Ele argumenta que essa cultura resulta em metas inatingíveis, competição desenfreada e negligência quanto ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. “Os bancos se encaixam perfeitamente na análise de Gaulejac”, observa o sindicalista.
O livro mostra que, sob uma aparência pragmática, a gestão constitui uma ideologia que legitima a guerra econômica e a obsessão pelo rendimento financeiro. Os “gestionários” instalam, na verdade, um novo poder gerencialista. Trata-se não tanto de um poder autoritário e hierárquico, e sim de uma incitação ao investimento ilimitado de si no trabalho, para tentar satisfazer os próprios pendores narcísicos e as próprias necessidades de reconhecimento.
Trata-se de instilar nas mentes uma representação do mundo e da pessoa humana, de modo que o único caminho de realização de si consista em se lançar totalmente na “luta pelos lugares” e na corrida para a produtividade.
Essa cultura do alto desempenho, porém, e o clima de competição generalizada, põe o mundo sob pressão. O assédio se banaliza, acarretando o esgotamento profissional, o estresse e o sofrimento no trabalho. A sociedade é apenas um mercado, um campo de batalha.