O presidente do Banco do Brasil, André Brandão, pediu para sair. O pedido de renúncia do cargo a partir do mês de abril foi apresentado nesta quinta-feira (18) ao presidente Jair Bolsonaro, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Conselho de Administração do Banco, Hélio Lima. A decisão está em “fato relevante” divulgado ao mercado na tarde de hoje, já que o BB – de controle da União – é empresa de capital aberto.
“Em conformidade com o § 4º do art. 157 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e com a Instrução CVM nº 358, de 03 de janeiro de 2002, o Banco do Brasil (BB) comunica que o Sr. André Guilherme Brandão entregou, nesta data, ao Exmo. Sr. Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ao Exmo. Ministro da Economia, Paulo Roberto Nunes Guedes, e ao Ilmo. Presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil, Hélio Lima Magalhães pedido de renúncia ao cargo de presidente do BB, com efeitos a partir de 01 de abril de 2021“, diz o comunicado.
Brandão é o segundo nome indicado pelo governo Bolsonaro para presidir o Banco do Brasil. Nome de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele substituiu Rubem Novaes em setembro do ano passado. Em geral, os nomes indicados por Guedes para empresas públicas federais seguem a cartilha das privatizações.
“Confessa não. Só em 2023…”
No início do mês, circularam notícias de que Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente da Caixa Federal, Pedro Guimarães, teriam concordado em indicar o atual presidente da Caixa Seguridade, Eduardo Dacache, para ser o novo presidente do Banco do Brasil. Isso porque a saída de Brandão vinha sendo cogitada por ele mesmo desde janeiro, depois de experimentar atritos com Bolsonaro. Foi quando o BB anunciou fechamento de centenas de agências e meta de dispensa de até 5 mil funcionários. Mas o governo indicou Fausto de Andrade Ribeiro, atual diretor-presidente da BB Consórcios.
Bolsonaro não é contra medidas de sucateamento do banco público. Ao contrário, é um defensor da privatização. Mas seu momento é de queda acentuada de popularidade. E o problema é que já deixou claro que só gostaria de passar essa “boiada” adiante após as eleições de 2022. A revelação foi feita por ele mesmo, em reunião ministerial de 22 de abril do ano passado cujo teor foi tornado público. Na reunião, já em plena aceleração da pandemia, as contaminações e mortes causadas pela covid-19 não foram assunto. Inclusive nesse dia ficou famosa a expressão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de que o governo deveria aproveitar a pandemia para passar a boiada do desmonte ambiental e do Estado.
“O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização (…) Então tem que vender essa porra logo”, disse na ocasião o ministro Paulo Guedes, pedindo ao então presidente do BB, Rubem Novaes, que “confessasse logo seu sonho” de privatização. Aos risos, Bolsonaro respondeu: “Deixa pra depois, confessa não. Faz assim: só em 2023 você confessa”.
Rede Brasil Atual