Quatro meses após ser privatizada, a BR Distribuidora já é um exemplo das ameaças que pairam sobre os empregos e salários dos trabalhadores de empresas públicas. A nova diretoria da BR, ex-Petrobras, já “negociou” redução de salários e, agora, anuncia demissão de 30% do quadro de pessoal.
“Com o pretexto de se adequar ao mercado voraz e que só visa o lucro, a perda de direitos e de postos de trabalho ameaçam empresas públicas privatizadas, sejam elas rentáveis ou não”, critica Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae, ao lembrar que a Caixa é uma das empresas públicas que está em processo de fatiamento.
“O governo já vendeu a Lotex a para um grupo estrangeiro e promete abrir o capital (vender na bolsa de valores) as áreas mais rentáveis, como seguros, cartões, loterias e gestão de ativos. Não tenhamos ilusão, isso é um processo de enfraquecimento da empresa que só pode ser barrado com muita mobilização, pois o enredo é o mesmo”, acrescenta ele.
Em entrevista ao jornal O Globo, nesta sexta-feira (21), o atual presidente da BR, Rafael Grisolia, afirma que quer reduzir o número de funcionários de 5 mil para cerca de 3.500, incluindo próprios e terceirizados. Um corte de 30%. A diretoria também informa que está fazendo repactuações com os empregados para redução dos salários entre 30% a 40% a menos.
Até 2017, a BR era uma empresa 100% pública, como a Caixa Econômica Federal. Há dois anos, o Governo Temer implementou a abertura de capital da empresa – assim como será feito agora com as subsidiárias da Caixa –, lançando na BM&FBovespa a oferta pública inicial de 28,75% de suas ações. A Petrobras detinha até julho 71,25% das ações. Agora, tem apenas 41% da líder absoluto do mercado e apenas mais R$ 8,6 bilhões em caixa.
Para Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae e diretor Financeiro da Contraf, é preciso que os empregados percebam que a equipe econômica de Paulo Guedes está mesmo disposta a vender tudo, se desfazendo de empresas estratégicas e vai iniciar as privatizações dos bancos públicos como a Caixa. “Por isso estamos com a campanha “#ACAIXAÉTODASUA” nas ruas e locais de trabalho e cada um deve abraçar a tarefa de defender nossa empresa 100% pública, única garantia que temos de que nossas relações de trabalho não serão pautadas apenas pelo lucro e retirada de direitos trabalhistas”, afirmou ele.
Com informações do jornal O Globo