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Sindicato reforça a luta pelo respeito e pela dignidade da população negra

Neste sábado, 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra, data que recorda o dia em que Zumbi dos Palmares foi assassinado, 20 de novembro de 1695. E, a exemplo dos demais sindicatos pelo país, o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO) também se manifesta contra todo o retrocesso promovido pelo governo federal, que ataca o processo de reparação dos quase 350 anos de escravidão da população negra. Uma série de atos serão promovidos para marcar o Dia da Consciência Negra e protestar contra um presidente racista.

LUTA PELA IGUALDADE E RESPEITO

Para o SEEB-RO, a data serve principalmente para reforçar a luta pela valorização da população negra, que apesar de mais de 130 anos desde a assinatura da abolição da escravatura, continua “livre”, mas sofrendo com todo tipo de preconceito e perseguição, dentro e fora de casa. Essa melancólica realidade permanece no setor financeiro, principalmente nos bancos, como comprovam os números do último Censo da Diversidade (realizado em 2019, em parceria da Contraf-CUT com a Febraban) e os estudos recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

“Os pretos e pretas continuam excluídos do processo social e isso está confirmado no mercado de trabalho diariamente. A categoria financeira em Rondônia – bancários e trabalhadores das cooperativas de crédito – é composta predominantemente por pessoas brancas. Você entra numa agência e a coisa mais difícil é você encontrar algum bancário ou bancária de pele negra, seja nos bancos públicos, nos bancos privados e nas cooperativas de crédito”, enfatiza a presidenta do Sindicato, Ivone Colombo.

Além disso, bancários e bancárias negros recebem percentualmente menor que um trabalhador não negro e a cor da pele é um obstáculo para ascensão profissional. Aos negros são dados cargos de menor remuneração e aqueles que não são de atendimento ao público. Eles ficam escondidos atrás dos biombos. É isso o que mostram os dados dos Censos da Diversidade Bancária, realizados em 2008, 2014 e 2019.

De acordo com o Censo da Diversidade de 2019, menos de 5% de pessoas negras estão nos cargos de diretoria das instituições financeiras. Conforme dados obtidos pela pesquisa, aplicada pelas entidades sindicais que representam os bancários, 68,8% da categoria se disseram brancos; 24,3% pardos; 28,2% negros e 2,8% amarelos. Cinco anos antes, a remuneração média de pessoas negras era de 87,3% em relação à dos brancos.

Já de acordo com o mais recente estudo do Dieese “A Inserção da População Negra no Mercado de Trabalho”, que teve como base a última PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE), do segundo trimestre de 2020, as pessoas negras – em comparação a pessoas consideradas não negras – lideram os números do trabalho desprotegido, da subutilização e da variação de número de ocupados (com algum trabalho), mas perdem nos números de ocupação em cargos de direção e do rendimento médio. (gráfico abaixo)

E na região Norte a tendência é confirmada, como em Rondônia, onde as pessoas negras representam 69% da população total do Estado.

PANDEMIA AGRAVA A DESIGUALDADE

A pandemia de Covid-19 impôs a paralisação de muitas atividades e exigiu que milhões de pessoas praticassem o isolamento social, provocando uma rápida e intensa recessão econômica que gerou, inclusive, o fechamento de empresas e o crescimento do desemprego, que já era muito alto. A população negra foi a mais afetada.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no primeiro trimestre de 2021, mostram que a taxa geral de desocupação é de 13,3%. Entre os pretos alcança 17,8%. Considerando apenas os brancos, é de 10,4%.

“Por isso esta data é importante para nós, pois é um momento de intensificar a luta contra a desigualdade social que afeta muito mais as pessoas negras. O Sindicato luta por mais contratações em todos os bancos e cooperativas de crédito, de pessoas de todas as etnias, mas não pode ignorar o fato de que o setor financeiro, que mais lucra no país com ou sem crise, é um dos que mais deve colocar em prática iniciativas para que essa dívida histórica que o país tem com sua população negra seja quitada”, concluiu Ivone.

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