O Bradesco terminou setembro acumulando lucro líquido recorrente de R$ 14,2 bilhões, valor que representa crescimento de 5,5% nos nove primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. O crescimento no trimestre encerrado em setembro foi de 10,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 13,1% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao terceiro trimestre de 2023.
Em relatório, o banco disse que os principais fatores para o aumento do lucro foram margem de clientes (ganhos com empréstimos para famílias e empresas) e redução com provisões para devedores duvidosos (PDD). Outro fator destacado pelo Bradesco para o resultado positivo foi a melhora na “margem líquida”, indicador que mede o percentual do lucro líquido obtido da receita total, após pagamento dos custos e despesas.
POSTOS, AGÊNCIAS E CLIENTES
A coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, Erica Oliveira, ressalva que o lucro do banco representa a dedicação dos trabalhadores. “É importante esse destaque para não perdermos de vista que os resultados não são apenas cálculos de números frios, mas traduzem o empenho diário das bancárias e bancários, que precisam ser reconhecidos com a manutenção e segurança de seus postos de trabalho”, completa.
Relatório divulgado pela equipe do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a partir do material sobre o trimestre apresentado pelo Bradesco, mostra que a holding Bradesco (que vai além do banco e inclui outras empresas que atuam no setor financeiro) encerrou o terceiro trimestre de 2024 com 84.018 funcionários, sendo a maior parte (72.709) do banco Bradesco.
“O número revela fechamento de 2.084 postos de trabalho em doze meses. No trimestre, a redução foi de 693 postos”, observa Erica Oliveira, complementando que, no mesmo período, o banco aumentou em 0,7 milhão o número de clientes, em relação a setembro de 2023, totalizando 108,7 milhões.
A empresa também fechou, em 12 meses, 399 agências e 734 postos de atendimento – sendo 3 agências transformadas em unidades de negócios. Só no último período, do terceiro trimestre de 2024, foram fechadas 155 agências, além de 219 postos de atendimento e 41 unidades de negócios, em relação ao trimestre imediatamente anterior.
“Mesmo mantendo lucros bilionários, o Bradesco segue enxugando postos de trabalho e de atendimento. Durante a Campanha Nacional dos Bancários, o argumento dos bancos nas mesas de negociação para justificar essa falta de responsabilidade social com trabalhadores e clientes foi a transformação do setor com as novas tecnologias. Mas nós, representados pelo Comando Nacional, rebatemos e lembramos que os avanços tecnológicos não podem significar apenas aumento de lucros para os banqueiros e sim oportunidade para melhorar a relação trabalho e capital. Nós, inclusive, apresentamos saídas, como a redução da carga horária e que poderia gerar aumento de vagas no setor bancário e garantir qualidade nos serviços. Porque nós só vamos conseguir avançar, como sociedade, compartilhando os ganhos dos avanços tecnológicos para todos e todas. Caso contrário, vamos aprofundar ainda mais as desigualdades”, pontua Erica Oliveira.
CARTEIRA DE CRÉDITO
A concessão de crédito expandida do Bradesco cresceu 7,6% em 12 meses, totalizando R$ 943,9 bilhões em setembro de 2024. A carteira de pessoa física, que representa 42% carteira da instituição, cresceu 10%, somando R$ 396,8 bilhões. Desse segmento os destaques foram o crédito pessoal (+16,7%), imobiliário (+11,2%) e rural (49,1%).
O segmento pessoa jurídica, por sua vez, apresentou crescimento de 5,9%. A carteira de grandes empresas se manteve praticamente estável (+0,7%) e a carteira das micro, pequenas e médias empresas crescimento de 16,9%, no período de 12 meses.
INADIMPLÊNCIA
A taxa de inadimplência superior a 90 dias ficou em 4,2% em setembro de 2024, com queda de 1,4 ponto percentual (p.p.) em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado é um pouco superior à inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional (3,2%).
“É importante destacar que, em relação aos cinco maiores bancos do país, o Bradesco só perde para o Santander nos juros abusivos, sobretudo no crédito rotativo onde, segundo dados do Banco Central, os juros do Bradesco estão em 387,18% ao ano”, explica a coordenadora da COE. “Os bancos precisam ser enquadrados em relação ao papel social, que é fomentar o desenvolvimento do país e não contribuir para o endividamento da população, dificultando o acesso de todos nós aos bens e serviços essenciais para nossa qualidade de vida, com a cobrança de juros abusivos”, conclui.
Clique aqui para ler o relatório completo do Dieese sobre os destaques do Bradesco.