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Confusão entre governo e direção da Caixa expõe empregados e a população

Mais uma vez os empregados da Caixa e a população estão pagando o preço pela confusão entre o governo e a direção do banco. Na terça feira (28) a Dataprev informou que o cadastro de mais 805.318 beneficiários foi aprovado. No entanto, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, declarou que o novo lote ainda não foi repassado à Caixa pelo Ministério da Cidadania. O conflito nas informações e a falta de planejamento dos órgãos levam ao retorno das aglomerações em frente às unidades bancárias.

“Temos que receber o calendário efetivo do Ministério da Cidadania e o dinheiro para realizar o pagamento. Não temos nenhum dos dois. Teremos, entendo, até o final da semana. No meio da semana que vem nós realizaremos o pagamento”, declarou Pedro Guimarães. “Depois, vamos realizar o pagamento no mesmo calendário dos ciclos que anunciamos para que não tenha confusão. Ou seja, vamos adequar esses 800 mil ao mesmo calendário dos demais”, disse.

Um conjunto de problemas fez a Caixa voltar a registrar filas em diversas cidades do País. Atualmente, o banco público está realizando, ao mesmo tempo, diversos pagamentos à população – o auxílio emergencial, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda. Além do acúmulo de pagamentos, problemas no aplicativo e o bloqueio de mais de três milhões de contas por tentativa de fraude contribuem para o problema.

“O próprio presidente Pedro Guimarães anunciou que, para desbloquear a conta, é preciso ir à agência. É claro que o bloqueio, de repente, de milhões de contas causaria filas nas unidades. Sabendo disso, deveria ter feito uma ampla divulgação para a população e ter um planejamento para receber essas pessoas. Apenas o calendário não resolve”, alerta o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto. “Governo e direção Caixa não sabem o que fazer – tomam decisões erradas, batem cabeça. Enquanto isso, a população e os empregados pagam o preço, se expondo ao risco de contaminação pela Covid-19”.

Além dos problemas citados, a Caixa é o banco que mais tem feito empréstimos às micro e pequenas empresas por meio do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). De acordo com o Emprestômetro, ferramenta do Ministério da Economia com dados sobre empréstimos na pandemia, dentre os bancos públicos e privados que ofereceram a linha de crédito, 37,6% dos contratos foram realizados pela Caixa. O banco também anunciou nova linha de crédito com FGTS/Saque aniversário. A pausa do financiamento habitacional, anunciada por Pedro Guimarães na semana passada, também tem apresentado erros, o que faz com que as pessoas procurem as agências para solucionar estes problemas.

Para o presidente da Fenae, todos estes pagamentos sobrecarregam os empregados e penaliza a população, que precisa ir às agências para resolver o problema. “A pergunta que não quer calar é – qual é o interesse do Governo e da direção do banco em manter todos esses pagamentos apenas na Caixa? Por que não dividir com outros bancos? A Fenae tem insistido nessa questão – a Caixa está atendendo, sozinha, mais da metade da população brasileira. Tem expertise, capilaridade e competência para a tarefa, tanto que já pagou mais de três parcelas a mais de 65 milhões de pessoas. Mas não dá para tratar com normalidade um momento anormal. Se tem culpados nessa história, são o governo e a direção do banco. As vítimas, como sempre, são os empregados e a população”, ressalta.

Empregados exaustos

Para resolver os problemas causados pela falta de informações e planejamento entre governo e Caixa, os empregados serão sobrecarregados mais uma vez. Neste sábado (1) a Caixa volta a abrir mais de 700 agências, das 8h às 12h, para atender os beneficiários do auxílio emergencial. “Abrir aos sábados tem sido prática constante. Enquanto a administração do banco não acerta, são os trabalhadores que se expõem aos riscos. É uma covardia”, ressalta. Takemoto destaca o trabalho dos empregados durante a pandemia. Além do pagamento do auxílio emergencial, ele lembra que há uma forte pressão para o atendimento, para bater metas abusivas e também vender produtos do banco.

Fenae

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